20 nov/16

Evolução, alternativas e novidades em contracepção.

Gravidez só quando programada… 

contraceptivo

 

Desde os primórdios da humanidade existe a preocupação quanto ao planejamento do número de filhos. Neste campo de pesquisa da medicina existe uma constante evolução tecnológica o que proporciona para as mulheres varias opções em contraceptivos.

As famosas pílulas anticoncepcionais, mais corretamente chamados de contraceptivos orais hormonais (COH), vem sofrendo uma significativa diminuição em sua dosagem hormonal, sem perda de eficácia. Essas pílulas são compostas por uma combinação de dois hormônios que tentam imitar os que são naturalmente produzidos pelos ovários da mulher, são eles os estrógenos (em geral o etinil-estradiol) e os progestógenos. Antigamente estas pílulas chegavam a ter mais de dez vezes a quantidade de hormônio (estrógeno) que as atuais. Surgiram então as chamada pílulas de ultra-baixa dose. Com isso diminuem significativamente eventuais efeitos adversos das mesmas, quais sejam: enjôo, vômitos, dor mamária, dor de cabeça, inchaço, ganho de peso e outros. Por conta disto, ocorre eventualmente que a menstruação pode ficar, em algumas mulheres, pouco irregular com pequenos escapes no meio da cartela de pílula, especialmente nos primeiros seis meses de uso.

Ainda entre os COH, evoluções farmacológicas lançaram no mercado um novo progestógeno, a drosperinona. Esse usado noscontraceptivos em combinação com o tradicional etinil-estradiol, proporciona ausência de inchaço, culminando com emagrecimento médio de até 1,5 Kg ao final de um ano de uso. Além de ser um componente extremamente eficaz no combate a acne, espinhas, pele oleosa, e excesso de pelos. A pele da mulher fica melhor, além de perder um pouco de peso.

Em meados de 2015 foi lançada no mercado uma pílula com estrógeno natural (estradiol) diferente do etinilestradiol utilizado em todas as outras combinações, espera-se dele menores efeitos adversos visto que se assemelha ao produzido pelo próprio organismo feminino, são as chamadas pílulas naturais, atualmente em duas apresentações. Ambas bem indicadas para redução de fluxo menstrual e uma delas com ação de até 46 horas de contracepção mesmo se esquecida uma pílula.

Antigo porém seguro e efizaz também com estrógeno natural existem as injeções mensais como boa opção, prática e segura.

Um dos efeitos adversos mais comentados em relação aos COH é a possibilidade e aumento de risco de trombose, doença grave e por vezes fatal. Este risco aumenta com qualquer uma das combinações, porém quando analisamos os números absolutos vemos que a chance é remota. Enquanto a chance de trombose na população geral é de 1 em 100 mil mulheres as usuárias de COH tem risco de 5 em 100.000 e até 25 em100.000 dependendo do progestágeno, riscos muito baixos  quando vemos que numa gestação o risco é de 56:100.000.

Mudando a via de administração a indústria farmacêutica inovou e lançou no mercado contraceptivos hormonais que podem ser usados por via vaginal. Surgiu um anel de material sintético, flexível, usado uma única vez ao mês, cômodo, prático, discreto, aplicado pela própria mulher na vagina sem dificuldade, e sem que ocorra a percepção dele após inserção. Método de baixa dose hormonal, mínimos efeitos colaterais e altamente eficaz.

Na mesma linha de evolução surgiu também o adesivo contraceptivo hormonal. Aplicado na pele semanalmente, adere bem, prático, cômodo, baixa dose, altamente eficaz como os outros na prevenção de gravidez indesejada. Pode ser aplicado em qualquer local do corpo, exceto na mama, com a pele seca e não sai na água.

Os métodos não orais levam vantagem no menor impacto para o organismo feminino por não terem a chamada primeira passagem pelo estômago e fígado, portanto em geral tem menor dose, menor impacto para pressão arterial, metabolismo da glicose, em obesos, e em pessoas que passaram por cirurgias gástricas.

Para as mulheres que têm problemas com a menstruação, ou até indicado para algumas afecções do útero, existem os métodos hormonais a base apenas de progestógenos. Eles podem ser usados inclusive durante amamentação e são muito eficazes. Eles fazem com que a menstruação diminua ou até pare por completo, após aproximadamente seis meses, em 40 a 60% das mulheres; as demais podem menstruar pouco e em geral sem ritmo definido. Dentre estes métodos podemos citar:

1) pílulas orais de tomada diária contínua, sem pausa.

2) injeção muscular a cada três meses, métodos estes relativamente antigos e consagrados.

3) sistema intra uterino, chamado endoceptivo de nome MIRENA. Ele é um aparelho de plástico flexível de aproximadamente 3 cm, fino, que é colocado dentro do útero em procedimento simples e um pouco doloroso. Pode ser usado por cinco anos e contém o hormônio (progestógeno) em sua haste, o que faz diminuir ou cessar a menstruação. Tem como vantagem mínima ação hormonal no restante do corpo, e talvez o que tenha menos efeitos adversos, por ter pouca absorção sangüínea. Extremamente eficaz, discreto, prático, indolor depois de aplicado e com validade longa.

4) ainda desta categoria dos progestógenos, temos o implante sub-cutâneo (Implanon). Um bastão pequeno de 4 cm, fino, aplicado sob a pele do braço com anestesia local. Tem validade de três anos com 100% de eficácia contraceptiva.

Essas são algumas das novidades do mercado que está em constante evolução, prometendo para daqui a alguns anos um contraceptivo hormonal masculino.

Como podemos ver existe uma extensa lista de métodos disponíveis e eficazes, justificando cada vez menos a esterilização definitiva de homens (vasectomia) e mulheres (laqueadura). Não podemos nos esquecer que todos estas opções citadas brevemente são excelentes na prevenção de gravidez indesejada, mas que não fazem a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, onde o preservativo feminino e em especial o masculino merecem ser sempre lembrados, principalmente na prevenção da AIDS.

Dr Rubens Brocco Dolce